domingo, 21 de dezembro de 2008

Morro Caratuva - Serra Ibitiraquire

A seguir tentarei descrever em algumas palavras um passeio por uma montanha que nos proporcionou momentos maravilhosos e por conseqüência, fotos incríveis. O lugar em questão é conhecido como Caratuva, que leva este nome devido a vegetação característica de nossa serra e que se encontra em abundância no alto desta montanha. O Caratuva está localizado na serra do Ibitiraquire - Pr, com aproximadamente 1.850m de altitude em relação ao nível do mar. É a segunda montanha em altitude do sul do país, ficando abaixo apenas do Pico Paraná.

Mais uma vez estávamos nós, eu e a Lisiane, a companhia que deixa sempre estes momentos muito mais gostosos. Iniciamos nosso passeio no sábado pela manhã, com pouquíssimas nuvens no céu e um friozinho gostoso para nos acompanhar. Um dia típico de inverno na região de Curitiba. Programamo-nos para sair as 9h00 da manhã, mas como eu sou um “pouco” enrolado, pra não dizer lerdo, saímos um pouco mais tarde. Seguimos até a fazenda Pico Paraná, onde tem início a trilha que leva ao Caratuva. Lá chegando encontramos o Dílson, proprietário da fazenda. Fizemos nosso cadastro e ali ficamos por mais uns 30 minutos conversando. Todos que freqüentam as montanhas da região sabem, é impossível passar pela fazenda sem ter um “dedinho de prosa” com o Dílson, um sujeito simpaticíssimo onde sua receptividade faz o passeio começar ainda melhor. Muito bem! Conversa em dia, algumas fotos da fazenda, abastecidos de água e morrendo de inveja do Rex (cachorro da fazenda - que estava estirado na grama e mal levantava a cabeça quando tentávamos nos despedir dele), começamos a caminhar.



No início do caminho subimos pelo morro do Getúlio. Caminhamos até o mirante onde paramos um pouco para fotografar e descansar. Chegando ao final do Getúlio a parada foi maior, pois ali descansamos e comemos nosso maravilhoso almoço, composto de pães (bisnaguinha) com patê de presunto e um delicioso suco de laranja para acompanhar. O sol estava convidativo para um cochilo, mas havia um bom trecho pela frente e tínhamos que continuar. Mais algumas fotos e continuamos.
A partir dali a trilha é bem tranqüila. Segue em meio a vegetação rasteira com toda a vista da região, ficando impossível não tirar o olho da trilha para contemplar a volta.



Caminhamos mais um pouquinho até a bifurcação de trilhas. À frente segue rumo ao Pico Paraná ou Itapiroca e à esquerda leva ao Caratuva e seria esta a nossa opção. Tenho que rir nesse momento, pois ao entrar na trilha começamos a descer e logo vem a pergunta: Nós vamos descer mais pra depois subir tudo? (rsrsrs)

A trilha até o final do Caratuva segue em meio a mata, não havendo pontos de observação, mas o cheiro da natureza e beleza de suas formações encantam. Quem fizer este caminho, vá preparado para pegar uma subida “chatinha”. No meio da trilha encontramos um “tiozinho” descendo. Um senhor muito simpático, mostrando que a idade não é desculpa para não conhecer estes lugares. Logo atrás de nós subia um casal, estavam fazendo um bate-volta na montanha e quando chegam próximos ao Sr ele comenta com o rapaz, dando uma risadinha na seqüência: “Eu ganhei alguns quilos subindo essa montanha, mas acho que você vai perder alguns né,...”. Ao passar por nós o rapaz comenta com a namorada: “Será que o tiozinho me chamou de gordo?” As risadas foram inevitáveis.

Um pouquinho mais de caminhada com a Lisiane me perguntando algumas vezes: “já chegou?” (rsrs),... e lá estávamos nós, fora da mata e cercados por caratuvas a poucos metros do ponto mais alto da montanha. A subida é um pouco desgastante, mas a vista impressiona e faz com que o cansaço seja deixado em segundo plano.



Chegamos no alto do Caratuva mais ou menos 3h30 da tarde. Ao pararmos lá em cima, veio a certeza de que havíamos escolhido o lugar certo para passarmos nosso final de semana. É absurdamente lindo. Para onde se olha você contempla belezas ímpares.
Sentamos próximos ao casal que encontramos na subida e ficamos ali, de frente para o Pico Paraná, imponente e lindo onde a medida que o sol vai se pondo, outras montanhas moldam suas sombras sobre ele como se estivessem se curvando e reconhecendo tamanha beleza.





Depois de algum tempo admirados com a vista, era hora de montar nossa “casa de campo” e nos prepararmos para o pôr do sol. Nesse momento vem a costumeira pergunta: Quer ajuda?
Claro que, quando uma mulher faz essa pergunta a intenção não é de ajudar, mas sim de apressar e tirar sarro. Ainda mais quando a pessoa que está montando a barraca (eu), demora o dobro do tempo analisando onde irá colocá-la. Mas isso faz parte do passeio e são estes detalhes que o tornam sempre mais gostosos.

Com o acampamento montado, seguimos a procura de um bom lugar para curtirmos o pôr do sol. Descrever este momento é muito difícil. É lindo, é mágico, é fantástico, é viciante,... Ficamos nós sentados sobre uma rocha, à beira da montanha, sendo presenteados com um final de dia onde a única coisa que pode ser feita, é fechar os olhos e agradecer a Deus pela disposição que ele nos dá para presenciarmos esses momentos.



Depois desse belo fim de tarde, como é de costume, voltamos para a barraca e dormimos um pouco para descansar da caminhada. Um bom sono antes da janta, um rizoto muito gostoso que a Lisiane fez por volta de 21h00. Ao sairmos da barraca a noite, fomos recebidos com um céu totalmente estrelado e, mesmo naquela escuridão, era possível admirar as formações a nossa volta, que se exibiam apenas com seus contornos e nos faziam resistir ao frio para ficar admirando.
Voltamos a dormir e por volta de 6h00 da manhã lá estávamos nós, enfrentando o frio fora da barraca esperando o nascer do sol. Não perderíamos aquele espetáculo por nada, pois é simplesmente perfeito. A nossa volta as montanhas começam a ser desvendadas devagar e cercadas por nuvens branquinhas, como se vestissem cada formação com cuidado a espera do momento especial.
Penso que o sol nasce para todos, mas alguns escolhem observá-lo de um lugar especial,...





Com o sol alto resolvemos dormir novamente, sono que durou até perto de 11h00 da manhã. Levantamos, preparamos nosso café e começamos a arrumar as coisas para a volta. Claro que neste meio tempo eu tinha que aprontar as minhas e ser alvo de mais piadas, como quando derrubei toda a água que já havia fervido para o café e tive que esquentar tudo novamente. Antes de descer houve um tempinho para assinar o caderno do cume e ler algumas pérolas que ali escrevem. Aliás, tomem muito cuidado com o que dizem no alto da montanha. É comum depois de uma longa caminhada, sentarmos próximos a algumas pessoas e ouvirmos frases que você normalmente não diria, mas está tão “fora de si”, que é inevitável ser alvo de gozações por um comentário impensado. Como exemplo o que ouvimos desta vez de uma menina que disse algo mais ou menos assim: “Esse mundo é muito bonito e foi feito em 8 dias”,... 8 dias???? Essas coisas acontecem depois de horas subindo, é inevitável (rsrs).

A descida foi muito tranqüila, sem nenhum imprevisto. Encontramos algumas pessoas no caminho, alguns subindo, outros voltando de montanhas próximas e todos com o mesmo espírito, a mesma vontade em estar diante de algo lindo, que não nos cobra nada para apreciar apenas nos pede para preservar e respeitar.

Ao chegar à fazenda, mais alguns minutos de conversa com o Dílson e era hora de irmos embora, com lembranças vivas em nossa memória de um final de semana especial em um lugar mágico,... e com a certeza de que logo voltaremos.

Àqueles que desejarem mais informações ou quiserem trocar experiências, fico a disposição através de e-mail. Um ótimo passeio a todos.
Vale lembrar que esses lugares estão ali para todos apreciarem, mas sempre com consciência. O Caratuva tem boa parte da montanha ainda se recuperando de um incêndio que pode ter começado por fogueira ou cigarro. Não faça fogueiras na montanha e se fumar, leve um recipiente para colocar o resto do cigarro. Tenham sempre uma lanterna e pilhas na mochila para qualquer imprevisto, mesmo que não tenham a pretensão de ficar a noite na trilha. Um apito também ajuda muito, em caso de resgate. E sempre que for a algum lugar como este, jamais vá sozinho sem conhecer a região. Para sua segurança, sempre tenha ao lado alguém com experiência de mata e montanha. Outro ponto de extrema importância é: Jamais deixe de fazer o cadastro quando solicitado. Nesta região, o cadastro é feito na fazenda pelo Dílson ou alguém que trabalhe com ele. Se houver um acidente ou tenha se perdido na mata, alguém sairá para lhe ajudar caso tenha feito o cadastro e avisado seu destino.

Salto dos Macacos


Mais uma vez tentarei colocá-los em contato com um lindo local serra Paranaense, através de um relato e fotos de um passeio que fiz na companhia da minha inseparável parceira, a Lisiane.
O passeio em questão começa em um sábado, com uma manhã um pouco “feia” em Curitiba, com muito frio e nuvens carregadas no céu. Sairíamos as 8h00 da manhã, mas como neste passeio existe uma mulher envolvida, então claro que a saída atrasou um pouquinho (rsrs). Bem!! A Lisiane chega para me buscar, já com sua bike no carro e é só o tempo de colocarmos a minha no “transbike” e sairmos.

Seguimos sentido Morretes, uma cidade histórica no pé da serra do mar. Uma viagem tranqüila, menos de 1hora e estávamos no centro da cidade. Trocamos de roupa, arrumamos as mochilas e seguimos sentido ao posto do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), onde deixaríamos as bicicletas e seguiríamos a pé pela trilha em direção ao Salto. São aproximadamente 10km por uma estradinha tranqüila, até o posto do IAP. Uma boa pedalada para aquecer um pouco as pernas. Chegando ao posto, encontramos os atendentes que sempre são muito bacanas e prestativos. Depois de fazer o cadastro e avisarmos para onde estávamos indo, um pouquinho mais de conversa e algumas risadas,... seguimos em direção ao salto.

A entrada da trilha fica a poucos metros dali, onde para iniciá-la, deve-se atravessar o Rio Nhundiaquara. Normalmente a travessia inicial é tranqüila, podendo fazê-la sobre as pedras sem molhar muito os pés. Não tivemos essa sorte, pois o rio estava um pouco cheio e teríamos que colocar os pés na água. Como a Lisiane estava um pouco gripada queríamos evitar a subida com os pés dela molhados com água gelada e por esse motivo ficamos andando a beira do rio, tentando achar um lugar para atravessar, o que já nos rendeu boas risadas e situações engraçadas.




Muito bem! Uma vez transpassado o rio, iniciamos nossa caminhada para o Salto dos Macacos. O inicio é muito tranqüilo, sem muita subida e como a mata é fechada, caminhamos sempre respirando o ar mais puro da serra. A trilha é muito úmida em vários pontos, mas muito gostosa devido a diversidade de vegetação que cerca o visitante em todo o caminho. Sem contar os pássaros que dão um show à parte, onde em vários momentos parecem conversar alegres uns com os outros, sem se importarem com nossa presença. O encanto desta trilha está nestes detalhes, na natureza ali presente,... está no prazer de presenciar o lindo canto de um pássaro, uma árvore que não se vê com freqüência ou uma flor ainda quando está se abrindo para o mundo,...





Como não tínhamos pressa alguma, seguimos bem tranqüilos pela a trilha e sabíamos que estávamos muito além da média de outras pessoas que fazem este caminho,... mas como o que menos importa para nós é o tempo ou a pressa e sim aproveitar o local e tirar belas fotos, continuamos em nosso ritmo, transpondo alguns rios pelo caminho e começando as nos acostumar com as subidas que começaram a surgir. A partir de um determinado ponto, começamos a parar um pouco mais para descansar, pois quando vamos nos aproximando da cachoeira, as subidas começam a ficar mais pesadas e a natureza parece impor seu preço para nos mostrar a maravilha que nos espera. Em um destes pontos encontramos um pequeno grupo que estava retornando e nos motiva dizendo que estávamos quase lá. Ficamos muito contentes, não só com a certeza de estarmos próximos do Salto, mas por encontrarmos crianças no grupo, aprendendo desde cedo a apreciar e a respeitar estes lugares. Claro, estavam acompanhadas dos pais, que mostravam ser bastante responsáveis com elas.

Mais alguns minutos de caminhada e lá estava,... o Salto dos Macacos. Uma cachoeira “perdida” no meio da serra, com aproximadamente 70m de altura. Em sua base formam-se piscinas naturais maravilhosas e convidativas para um belo banho. Infelizmente estava bastante frio e a água da serra já é muito gelada, por tanto cair naquelas águas não seria uma escolha muito inteligente (rsrs). A seqüência da água, vinda da cachoeira, forma um segundo salto chamado de Salto do Redondo. Uma queda bem menor, mas também muito bonita. A cachoeira não estava tão bela como de costume, pois escolhemos uma época de pouca chuva. Mas mesmo assim sua beleza é impar e encanta qualquer visitante.






A única situação “chata” aconteceu ao chegarmos no salto, onde encontramos três rapazes que levaram bebida alcoólica para consumir no local. Assim, um deles encontrava-se muito mal, deitado sob várias roupas e os outros tentando fazer um fogo junto as pedras, para tentarem se aquecer, já que haviam caído na água. Infelizmente ainda encontramos gente assim, que esquece que estes lugares não combinam com tamanha irresponsabilidade. Mas felizmente foi só a impressão ruim de vê-los naquela situação, pois não tivemos problema algum com eles.

Afastamo-nos um pouco dos três rapazes e da cachoeira maior e ficamos sobre a menor, onde forma-se um lindo mirante que da vista para o Conjunto Marumbi. Ali é possível avisar todo o conjunto e o passeio torna-se ainda mais bonito. Ali foi o ponto escolhido para apreciar e também comer um delicioso lanche que a Lisiane havia preparado. Ali ficamos por aproximadamente 1 hora. Infelizmente o tempo não ajudou muito e parte do Marumbi permaneceu todo tempo encoberto, mas mesmo assim valeu muito a experiência de estar naquele local e ficarmos por algum tempo quietos, sentados em direção a serra, onde o único som era da água que caía da cachoeira e corria ao nosso lado, dando uma sensação de paz incrível.









Depois de abastecermos a alma com mais um lindo lugar e mais uma bela experiência e a certeza de que Deus não fez simplesmente estes lugares e sim os “desenhou”, nos arrumamos para a volta. Mas antes da descida paramos para apreciar um belo formigueiro, onde a Lisiane me deu uma aula sobre um determinado tipo de formiga, mas infelizmente não conseguirei compartilhar com vocês, pois não lembro com fidelidade os detalhes (rsrs).

A descida foi muito tranqüila. Não tivemos, graças a Deus, nenhum imprevisto no caminho. Foi mais um passeio que curtimos e que só lembraremos de momentos bons. Voltamos animados, conversando, rindo,... e quando percebemos estávamos no rio Nhundiaquara novamente. Mas aí não teve jeito, tivemos que molhar até as canelas, pois o rio estava mais cheio e não tinha como passar sem molhar. Até tentamos, andando no meio da mata por algum tempo, tentando achar um melhor lugar para passar mas,...

E foi assim que encerramos nosso passeio. Sentados no posto do IAP, com os pés encharcados, conversando um pouco com o pessoal que ali atende e retornando depois até Morretes de bicicleta,onde nos trocamos e fechamos com um delicioso pastel no centro da cidade. Pois quem conhece Morretes sabe, que não se passa por ali no final da tarde sem comer um delicioso pastel feito na hora.


“Mais uma vez reservo este cantinho para pedir um pouco mais de respeito e cuidado nestes locais. O corpo de bombeiros fez um excelente trabalho nesta trilha, marcando em vários pontos com fitas e em outros colocando faixas orientando as pessoas para que não saiam da trilha. Mas é comum encontrarmos faixas rasgadas e trilhas abertas depois delas, por pessoas irresponsáveis que vão ao local e não respeitam. Com isso, são registrados nestas trilhas muitos casos de pessoas que se perdem e outras que perdem suas vidas, por pura irresponsabilidade. Vamos evitar este tipo de atitude e também evitar situações como a que presenciamos, de pessoas embriagadas em um local de difícil acesso, onde qualquer resgate em tempo hábil nesta região seria inviável”.

Espero que tenham gostado do relato e qualquer sugestão ou crítica estou a disposição por e-mail. Abraço a todos.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Morro Tucum

O passeio a ser descrito a seguir começou a ser desenhado dias antes, durante o feriado de carnaval, onde fiz uma travessia entre montanhas na região do Pico Paraná. Estava eu sentado ao lado de minha barraca, acampado no alto de um morro chamado Itaquaripoca tendo abaixo de mim nuvens que contornavam as elevações da serra parecendo chumaços de algodão cuidadosamente colocados. A minha frente o sol nascendo, cortando as nuvens e desvendando com seus raios as lindas montanhas que ali estão e a meu lado uma montanha lindíssima, que leva o nome de Tucum a qual, naquele momento, me fez visualizar o cenário perfeito para um passeio que há algum tempo eu vinha buscando e viria como um presente a alguém especial que me acompanha em vários dos lugares para os quais eu vou.



Iniciamos nosso passeio no sábado pela manhã com um dia lindíssimo, totalmente aberto. A trilha segue em meio a uma mata fechada até o início da subida para a primeira montanha que da acesso ao Tucum. Em nossa companhia pássaros cantando, belas quedas d’água, rios que cortam a trilha, árvores enormes, cogumelos coloridos, flores e pequenos bichos como aranhas que teciam suas teias com perfeição,... tantos detalhes que nos encantam e nos fazem dobrar o tempo de trilha com paradas obrigatórias para fotografias ou aquele gole de água geladinha em sua fonte.



A trilha em meio a mata termina depois de subirmos parte da primeira montanha, o Camapuã. A partir dali a vegetação segue rasteira até o final da montanha, o que nos proporcionou uma vista magnífica e nos fez demorar ainda mais para chegarmos ao topo. Para onde olhávamos tínhamos uma linda vista, um ar delicioso e fotos, muitas fotos.



Chegamos ao cume do Camapuã e já se passava de 13h00. Era o momento de descansar e almoçar. Neste momento tínhamos a companhia de um grupo de atletas que compunham uma equipe de corrida de aventura, 3 rapazes e 1 moça. Mas como estavam treinando, apenas chegaram ao topo da montanha, tiraram uma foto e voltaram nos deixando mais uma vez sozinhos, na companhia do Pico Paraná, Itapiroca, Tucum, Caratuva e todas as montanhas que ali nos cercavam. Depois de muito tempo de descanso e muitas fotos, pois não tínhamos pressa alguma, era o momento de mais uma olhadinha para o Tucum e seguir para conquistá-lo.



A travessia para o Tucum foi muito tranqüila, rapidamente estávamos lá em cima. Fizemos apenas uma rápida parada para tomar um pouco de água geladinha na bica e nos abastecermos para a janta e café da manhã. Ao chegarmos no topo, conversamos sobre arrumarmos logo o acampamento e voltarmos até a bica, para jogar água no corpo e tirar um pouco do suor. Mas logo mudamos de idéia, pois fomos presenteados com uma chuva maravilhosa de verão. Um belo banho de chuva no alto da montanha que nos fez voltar a ser criança por alguns instantes. Após o banho, recebemos a “visita” de alguns amigos do grupo Nas Nuvens Montanhismo, que nos fizeram companhia por alguns minutos. Neste momento, conversando com um integrante do grupo, mais uma vez constatamos que ainda existe muita falta de educação ambiental, por parte das pessoas que freqüentam algumas montanhas da região. Eles encontraram muitos objetos como prato de alumínio, saco de dormir velho, entre outros objetos jogados pelo caminho, algo que ainda nos deixa muito decepcionados.


Bem, depois que nos deixaram, era hora de apreciar um pouco daquele lindo sorriso da pessoa que me fazia companhia ao vê-la “abrir o presente” que há alguns dias atrás eu havia sonhado. Dentro deste presente estavam inicialmente uma vista maravilhosa da serra do mar e um pôr do sol belíssimo.



O Anoitecer nesta montanha é lindo. Tivemos a felicidade de um tempo limpo, sem nuvens carregadas até nos recolhermos para dormir. Ficávamos fora da barraca onde o vento parecia brincar conosco, tampando o céu com névoa e logo em seguida abrindo novamente, nos mostrando tantas estrelas que não nos atrevíamos a contar. Vale a pena também sentar em uma rocha e ficar ali observando ao longe as luzes de Curitiba, é muito bonito.


Mas a segunda parte do presente ainda estava por vir, pois o primeiro amanhecer no alto da montanha ninguém esquece. O dia começou aos poucos a clarear e tivemos um nascer do sol magnífico, surgindo devagar e cortando as nuvens. Seus raios chocavam-se com a névoa tornando ainda mais bonito aquele momento. Era hora de refletirmos um pouco sobre o porque de estarmos diante daquela obra de arte, cada um de sua maneira. A sensação desta visão não é mensurável ou facilmente traduzida em palavras. Se quiserem realmente saber como é estar diante desta maravilha, terão que ir a um lugar como este e sentir. Só posso realmente dizer que neste momento, você irá olhar atentamente para o mar de nuvens com para o sol iluminando as montanhas e ao fechar os olhos, esse momento se eternizara como uma foto em sua memória. E se te perguntarem como é, você vai dizer: É lindo.




Depois disso era só dormir mais um pouquinho e nos prepararmos para a volta. A descida é rápida, em mais ou menos 2h30 chega-se na fazenda novamente, onde é o ponto de partida para esta montanha. Para quem quer conhecer mais um lindo lugar, fica aqui minha dica. Mas lembrem-se, por favor: Não deixem nada na montanha a não ser pegadas,... Não tirem nada a não ser fotos,... Não levem nada a não ser boas recordações e,... Não façam fogueiras ou abram atalhos fora das trilhas já existentes e não vão a estes lugares sozinhos, sem alguém com experiência para guiá-los.

Grande abraço a todos e um ótimo passeio. Estou a disposição para qualquer dica que queiram.


Encantos da Ilha do Mel

Pessoal,

A seguir escreverei um pouco sobre uma Ilha que está localizada no litoral paranaense, conhecida como Ilha do Mel. É permitida hoje a entrada de 5.000 visitantes, sendo este número a lotação máxima. Na ilha não é autorizada a entrada de carros ou motos e não há vias de asfalto em toda a sua extensão. Apenas areia e pouco, muito pouco calçamento próximo a algumas pousadas.

Quisera eu ser um poeta para poder definir em palavras as sensações e momentos que vivi neste local. Foram dias maravilhosos que passei sozinho ou ao lado de pessoas que me cativaram logo no primeiro instante. A ilha tem esta magia, este encanto doce, como seu próprio nome define, que nos deixa receptivo a um simples sorriso transformando este em uma linda amizade. Comecei muito bem meu passeio, sentado sobre o morro da gruta de encantadas, paralisado diante de tamanha beleza.


Os sons que se ouviam eram apenas de ondas batendo contra rochas e dos pássaros “conversando” ao meu redor. Ao fechar os olhos neste local, é impossível lembrar de qualquer coisa que lhe perturbe ou lhe cause algum incomodo e o que vem à mente são apenas coisas e pessoas que significam muito a você e momentos que passaram juntos. Se você ainda não teve este prazer, sugiro que experimente. Garanto que não irá se arrepender. Mas ao abrir os olhos, se for final de tarde, esteja voltado para o lado da ilha conhecido como encantadas, onde se tem a indescritível visão do pôr-do-sol.



No dia seguinte estava decidido a sair pela ilha, sem hora para voltar. Apenas com o objetivo de achar lindos lugares para sentar e admirar. Confesso que não foi difícil de encontrá-los e sim selecionar fotos que pudessem traduzi-los. Pude sentar em uma praia quase deserta, sentindo o vento em meu rosto e curtir os pássaros brincando. Observar montanhas que mais parecem proteger a ilha e seus encantos, tornando-os mais emocionantes ao serem descobertos. Aprender um pouco com a história que a ilha nos oferece, principalmente em sua fortaleza construída no século XVIII. Conhecer o Farol das Conchas, que guia os navios que seguem em direção ao porto de Paranaguá. Encantar-me com a Gruta das Encantadas, que como reza a lenda, seria a morada de belas sereias as quais despertavam paixões em pescadores locais,... entre outros tantos lugares e momentos.



Passei por muitos lugares lindos, mas sentia que faltava algo. Sempre ouvi dizer que a vida não se mede pelo número de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos fazem perder o fôlego. Eu tinha a certeza de que aquela ilha tinha o seu cantinho que me faria passar por mais um momento a ser contado desta forma. Ao observar a Gruta de Encantadas, fiquei me imaginando dentro dela, esperando o sol nascer a sua frente como se surgisse lentamente de dentro do mar, convidando a todos para apreciá-lo,... acredito ter conseguido este momento.


Depois desta experiência, era hora de dividir as imagens com os amigos que fiz. Pessoas que eu só tenho a agradecer pela receptividade e por terem me aceitado no grupo. Eram pessoas de diferentes partes do Brasil, todas com o mesmo objetivo: aproveitar muito os últimos momentos de 2007 e começar o novo ano renovados, com muitos sorrisos e energias positivas. E foi assim que chegamos a mais um final de ano,... rindo muito, brincando, aprendendo com experiências compartilhadas e com a certeza de que a vida é simples sim e para ser feliz basta você não complicá-la. E se você quer aproveitar a vida, distante de tudo que lhe faz esquecer desta simplicidade, venha para a Ilha do Mel. Aproveite seus momentos, sozinho ou acompanhado, fazendo aquilo que lhe traga esta energia positiva que muitas vezes a rotina do dia-a-dia nos consome.


Na ilha você também encontra “vida noturna”. Pra quem gosta de um barzinho a beira mar ou um bom forró, é possível aproveitar este lado também. Normalmente as festas na ilha vão até às 2h da manhã. Mas lembrem-se, é uma área de preservação ambiental. Por tanto, não jogue lixo pela ilha e se beber, evite deixar a sua lata ou garrafa em qualquer canto, como ainda se vê muito em datas festivas, quando a ilha enche de pessoas sem a mínima cultura ambiental. Por incrível que pareça, as pessoas que mais senti esta consciência foram os estrangeiros, que visitam aos montes este local. Nós, os Brasileiros, infelizmente ainda não temos a mentalidade de cuidar do que é nosso.

Onde ficar:
O visitante tem a opção de ficar em camping ou pousada. Não faltam opções, mas indico em particular o local que estive.

Hotel Pousada A Ilha Verde: Está localizado em encantadas, a 50 metros à direita do desembarque. Fácil de achar, e muito mais cômodo, por não precisar se deslocar com bagagens pela areia da praia a um local distante. A pousada oferece acomodações de vários tipos, de acordo com o gosto do visitante. O lugar é muito bonito, limpo, organizado e conta com pessoas maravilhosas que lhe atendem de uma forma que você se sente parte do local. E ainda mais, quem gosta pode se acomodar no jardim da pousada no fim da tarde e aproveitar o mais belo pôr-do-sol visto da ilha.
Contatos para reservas:
Telefones.: (41)3264-3057 / 3426-9036 / 9258-4976 / 9926-3377
E-mail.: ailhaverde@gmail.com



Bom passeio a todos e coloco-me a disposição para qualquer informação adicional.

Pedal ao Morro do Canal - Curitiba / Piraquara - Pr

Meus amigos,

Neste relato vocês vão conhecer um pouco mais sobre o Morro do Canal. Uma formação com um pouco mais de 1000m de altitude localizado em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, próximo aos Mananciais da Serra. É um local de fácil acesso, podendo ser feito de bicicleta, moto ou carro sem maiores problemas. A minha opção foi à bicicleta. A região é propícia para aqueles que gostam de passear de bicicleta por estradas rurais e se encantam com as paisagens que os caminhos proporcionam. Um passeio tranqüilo que durou um pouco mais de 1 hora até a chácara do Sr Zezinho, onde se inicia a trilha.

Ao chegar ao local nota-se a melhora gradativa na conservação do local. Com o apoio do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) os moradores da região estão cada vez mais se conscientizando da importância de preservar o local e quem ganha com isso somos nós, os apaixonados por belos lugares.




Ao chegar na chácara, você não pode deixar de dispensar um pouco de seu tempo para conversar com o Sr Zezinho e seus amigos que sempre estão por ali. É o famoso “dedinho de prosa” que alegra qualquer tarde. Após uma boa conversa e o descanso da pedalada, é hora de subir. Claro, sempre respeitando as regras do local.








A subida é tranqüila e a dificuldade pode ser avaliada como pequena. Qualquer pessoa com o mínimo preparo faz o caminho sem maiores problemas. O lugar é bastante freqüentado e durante a subida encontrei várias pessoas já descendo, dentre elas alguns casais com crianças na faixa de 10 ou 12 anos.

Em aproximadamente 45 minutos cheguei ao ponto mais alto do morro. Logo na chegada avistei dois grupos curtindo a vista, que estava maravilhosa. Um céu azul e os morros ao redor todos a vista podendo enxergar até mesmo parte do litoral. Os grupos eram formados por 1 rapaz e 2 meninas cada e estavam distantes um do outro e, como não conhecia ninguém, achei meu cantinho pra ficar ali sentado e sentir o ar puro da serra.











Depois de alguns minutos ali sentados, eis que um dos rapazes levanta e chama nossa atenção, pois queria falar algo. Nós rimos, pois sabemos bem que depois de uma subida como aquela, normalmente não formamos frases tão “úteis”. Mas já que era o desejo dele falar, então deixamos que se manifestasse (faz parte da brincadeira). Ele disse uma frase e na seqüência fez uma pergunta e com isso conseguiu que as pessoas no alto do morro formassem um só grupo. Iniciou dizendo: “Eu sempre ouvi um amigo meu dizer que Deus esculpiu as montanhas com a ponta dos dedos. Sempre achei bobeira, mas hoje subi uma montanha pela primeira vez e agora sei exatamente o que ele queria dizer”. (Os risos de deboche foram substituídos por aplausos).


Logo depois de ser aplaudido e conquistar nossa atenção ele nos diz: Nós trouxemos cuia e erva de chimarrão, vocês querem sentar conosco pra tomar? Claro que nem todos são apreciadores do chimarrão, mas aquele momento não teria como negar, pois a magia que envolve o gesto é maior que o simples fato de tomar algo. Ficamos ali por aproximadamente 2 horas conversando, tomando chimarrão e rindo muito. E no intervalo de cada sorriso vinha o silêncio impensado de quem está admirando uma montanha, um lago, um pássaro voar ou simplesmente sentindo a brisa em seu corpo.



A natureza tem esta magia. Ela nos faz parar e ouvir as pessoas que estão a nossa volta, coisa que em nosso dia a dia não encontramos tempo ou não queremos encontrar. Citamos em nossas conversas as crianças que encontrei descendo. Elas tiveram um dia diferente deixando de lado seu vídeo game para correr, brincar e ter a total atenção dos pais, coisa que normalmente não teriam na cidade.

A partir daí resolvemos todos descer e terminar nosso “dia de criança” comendo um pastel feito na hora, no barzinho montado na chácara do Sr Zezinho. Àqueles que quiserem ter este “dia de criança”, sintam-se a vontade para pegarem seus carros, motos ou bicicletas e irem a este lindo lugar. Com certeza terão momentos únicos e vão interagir com pessoas que no seu dia a dia não encontrarão.

Grande abraço a todos e espero encontrá-los em algum lugar como este.